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Em abril deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu por dois votos a um que o terreno do Parque Augusta deveria ser reaberto à população. Caberia recurso, que não foi recorrido. A condição atual do parque é de uma pequena parte sua, cercada de tapumes metálicos, que foi aberta ao público. A área não possui conservação, saneamento básico e muito menos acessibilidade.

 

Os impasses jurídicos continuam. De um lado, os interesses das empreiteiras em povoar mais ainda as áreas centrais urbanas da capital com prédios e empreendimentos imobiliários. Do outro, os grupos continuam firmes e obstinados na luta pelo Parque Augusta. Em decorrência do que já se passou, inclusive com a abertura de diálogo entre as construtoras e os ativistas, com mediação do poder público, já são avanços notáveis. Os passos seguintes deverão ser entorno da prefeitura de São Paulo, principalmente na figura do prefeito Fernando Haddad no interesse em avançar as negociações e conseguir, por fim, a desapropriação do terreno para a construção do parque. Semanalmente, assembleias deliberativas são marcadas em locais diferentes, mas a reportagem não obteve acesso a filmagens delas, somente participou. Os integrantes afirmam que preferem a divulgação dos materiais pelo site oficial do Organismo Parque Augusta e que a partir deste ano vêm tomando cuidado com as articulações políticas envolvendo o tema, visto que os ativistas sofreram e sofrem constantemente ameaças pela internet e pelo celular.

 

Em rápida entrevista à reportagem (apurado que muito devido à blindagem deles por conta da situação delicada com os empresários), Nina , jornalista freelancer e ativista do Organismo Parque Augusta, fala como começou a militar e o que espera para o futuro parque:

 

** A ativista pediu para que seu segundo nome não fosse revelado pela reportagem.

 

Como você se interessou pelo movimento?

Aqui na Augusta eu frequento desde que começou a ficar conhecida por oferecer entretenimento, baladas noturnas, drogas, prostituição, música, tribos urbanas, etc. Sempre houve identificação com a rua em si e com essa pegada urbano-social que o centro de São Paulo oferece. Conheci uns amigos na faculdade que já estavam envolvidos com a emancipação do projeto, então eu resolvi me juntar a eles e a prática tornou-se parte da minha vida.

 

Você enxerga com bons olhos essa abertura do empresariado às negociações com a prefeitura?

Há uma grande desconfiança nisso, né ? Afinal, são interesses completamente distintos. Eu gostei do avanço nas negociações, já que agora faz-se o debate com diversos setores da sociedade civil e não somente com um grupo como era antes. Depende então da prefeitura tomar alguma atitude a respeito. A pressão continua e estamos articulando uma outra sequência de shows para o final de outubro.

 

Serão no tom de protesto ?

Depende. Algumas bandas que tocarão são deste viés, outras apenas se juntaram à causa porque creem nela ou simplesmente porque acham que o público que estará presente irá se identificar com o que fazem.

 

Você espera que a situação do Parque Augusta se resolva quando?

O mais rápido possível, claro. Estamos movimentando outra ação jurídica para que liberem pelo menos para o trânsito de pedestres uma outra parte da área verde, já que esta que está aberta é praticamente inviável. A ideia nossa não é levantar espadas e lanças, mas sim ter um diálogo duro, que abra as possibilidades dentro do leque de inúmeros interesses. Obviamente, queremos que prevaleçam os que são do povo – ou seja, o Parque Augusta livre e hábil para acontecer diversos eventos que farão São Paulo ainda melhor.

Futuro do Parque

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